quarta-feira, 11 de junho de 2008

Hey Ladies! - Cecilia Giannetti

Então, meu amor: num remoto fim de semana em fevereiro, entrei nas comunidades para mulheres no Orkut e fiquei decepcionada. Mesmo reunidas online, permanecíamos um gueto. Nada encontrei de festas com boa música só para mulheres na programação das comunidades dedicadas ao tema.

Minha decepcionante peregrinação pelos sites e comunidades de festas gays aconteceu há cerca de quatro meses. Naquele período, conversei online com dezenas de moças que queriam sair de casa e não tinham saco pra barzinho, onde sequer podiam segurar uma na mão da outra, que dirá beijar. Por isso criei a festa, e desde que surgiu, apareceram muitas outras, imperdíveis, seguindo sets com DJs diferentes mas na mesma linha que iniciamos no circuito carioca e faz sucesso: bom gosto musical e mulheres bonitas.

Uma delas, muito querida, já ocorria esporadicamente antes da Hey Ladies!, e retornou com datas fixas bem há tempo de se juntar à nossa bagunça. Nós freqüentamos todas, nós amamos todas. Afinal, estamos nessas festas pelo mesmo motivo (curtir som, seus pervertidos... e eventualmente conhecer *o amor*, uiuiui).

Com a proliferação de festas gays femininas no Rio de Janeiro, ganhamos muito. Porque queremos opções. Não Shane-mode options only, mas opções de locais bacanas para freqüentar longe do olhar do macho-de-plantão, aquele que acredita que vai nos "salvar do sapatismo". Ora, te crie, monte de esteróides. Não estamos interessadas.

Toda a variedade na noite gay feminina carioca era o que eu sempre quis ver desde que voltei de Berlim, onde as moças eram presença maciça. E juntinhas. Não só em cafés e bares escuros. Mas nas rua, andando de mãos dadas, com seus carrinhos de bebês ou labradores obesos pela Oranienstrasse, Kurfüstendamnm, Mitte. Eram bem-vindas em qualquer lugar, bem como homens gays, a qualquer hora do dia. Nada de Farmeganistão.

Acredito que demos um passo importante neste ano de 2008 para a conquista de maior visibilidade. Não encaro boates e festas que surgem como mera concorrência. Somos todas peças de um futuro melhor pra gente.

p.s.: por esses dias um jornal fez questão de colocar numa matéria sobre "a moda lésbica" (eles são tão antenados, não?), que "digo ser hetero". Minha resposta é apenas: "Digo o que eu quiser para repórteres que chegam na festa e constatam "Uau, existem lésbicas bonitas!". O que esperavam?

No mais, tenho recebido emails carinhosos, scraps da galera que tem curtido o som. Eu costumo tocar tarde, mesmo assim a pista fica cheia e delícia. Me sinto mais honrada assim, tarde da noite: tem gente que espera pra ouvir meu som. Não é demais?

Outra coisa: eu e a Ju (aquela moça alta, que vive bicando minha vodca) estamos discotecando em aniversários, casamentos, batizados e bar-mitzvas. Cecular: 94443204. Toquei noutro dia na festa dum autor de novela que BAFO. Me chama que eu toco de chapéu de cowboy. Rorororo.

Amo vocês.

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